Filme sobre tortura de gato causa protestos em Toronto
TORONTO (Reuters) - Manifestantes em Toronto, na terça-feira, tentaram convencer espectadores diante de um cinema da cidade a boicotar um documentário sobre um julgamento por crueldade contra animais, num caso em que três amigos filmaram um gato sendo esfolado vivo, supostamente como um trabalho de arte.
O grupo de Toronto Freedom for Animals (Liberdade para os Animais) vem organizando protestos diários no Festival Internacional de Cinema de Toronto. Quase 100 pessoas participaram da manifestação na terça-feira, na pré-estréia mundial de "Casuistry: The Art of Killing a Cat" (Casuísmo -- A Arte de Matar um Gato).
O documentário de 91 minutos contém entrevistas com os três matadores de gatos -- Jesse Power, Anthony Wennekers e Matt Kaczorowski -- e com defensores de animais, artistas, policiais e jornalistas. O filme não mostra a mutilação e morte do animal.
Em maio de 2001, Power chamou Wennekers e Kaczorowski para fazer um vídeo que Power, ex-vegetariano, disse que seria uma declaração artística sobre o sofrimento de animais abatidos para o consumo de sua carne.
Eles filmaram um gato enquanto primeiro o tentavam com um camundongo, depois o esfolavam, decapitavam e estripavam, deixando seu corpo dependurado do teto. Power pretendia comer o gato, mas não teve a chance de fazê-lo. O gato esfolado foi encontrado na geladeira de cervejas da casa onde ele morava.
"Não cheguei a comer o gato, mas muitas outras pessoas estão fazendo a festa com ele", disse Power em "Casuistry".
Os três acabaram confessando-se culpados de crueldade e maus-tratos a animais. Defensores dos direitos de animais ficaram revoltados quando eles foram condenados a uma pena de prisão mínima.
Até o início do Festival de Toronto, ativistas dos direitos dos animais vinham pedindo a retirada de "Casuistry" do programa do evento.
"Este chamado documentário está chocando as pessoas porque está proporcionando uma plataforma para Power", disse Suzanne Lahaie, co-fundadora do Freedom for Animals.
Mas Noah Cowan, co-diretor do festival, rejeitou os chamados. Em declaração feita antes do início do evento, explicou: "Os festivais de cinema existem em parte para gerar discussões inteligentes e lógicas, não para reprimi-las."
Os organizadores do festival disseram que as duas sessões previstas do filme serão realizadas, apesar de uma ameaça feita a um dos funcionários do evento, pelo telefone, de "esfolá-lo vivo" e "enfiar facas em seus olhos".
Os transeuntes assistiram ao protesto da terça-feira com curiosidade. Para alguns, a própria curiosidade os levou a comprar ingressos para as sessões.
A estudante de psicologia Michelle Dent disse que queria ver o que havia por trás do "ato violento e anti-social", mesmo que "Casuistry" não inclua imagens do vídeo explícito de 17 minutos feito por Power.
O diretor de "Casuistry", Zev Asher, disse não achar que seu trabalho glorifica o suposto trabalho de artes dos jovens, mas que fez o filme porque ficou fascinado com a atenção que o trabalho original despertou na mídia internacional. (Ka Yan Ng)