21/10/2001

A guerra contra o terror foi perdida há muito tempo

John Le Carré
8 de outubro de 2001

"Começaram os bombardeios", anuncia, com estardalhaço, a manchete do "Guardian", um jornal geralmente mais sóbrio. "A batalha está começando", lhe faz eco o não menos moderado "Herald Tribune", retomando uma frase de George W. Bush. Mas, está começando contra quem? E como irá terminar? Por exemplo, com Osama Bin Laden preso, com a aparência mais serena e crística do que nunca, comparecendo diante de um tribunal composto pelos vencedores, contando com a defesa do advogado Johnny Cochrane, assim como O.J. Simpson antes dele (uma vez que os custos advocatícios não serão problema algum para ele)? Ou então com um Bin Laden reduzido a frangalhos por uma dessas bombas inteligentes das quais nos falam constantemente os jornais, as que matam os terroristas dentro de suas tocas mas poupam a louça? Ou ainda, será que existe uma saída que não me ocorreu, que nos evitaria transformar nosso inimigo público nº 1 em mártir nº 1 aos olhos daqueles que já o consideram um semideus? Contudo, temos que puni-lo. Temos que arrastá-lo diante dos tribunais. Assim como todo ser humano dotado de um pouco de sensatez, não vejo outra solução. Podemos até enviar comida e remédios, fornecer ajuda humanitária, juntar todos os refugiados esfomeados, os órfãos mutilados e os pedaços de corpos humanos - perdão, os "danos colaterais" -, mas não temos escolha: Bin Laden e seus asseclas devem ser desentocados.

Ai de nós! O que a América está procurando atualmente, antes mesmo da vingança, é: mais amigos e menos inimigos. No entanto, o que a América está propiciando para si, assim como nós, britânicos, é: ainda mais inimigos, porque, apesar de todas as propinas, das ameaças e das promessas que foram empilhadas aos trancos e barrancos por essa vacilante coalizão, não podemos impedir um terrorista kamikaze de nascer toda vez que um míssil mal guiado arrasa uma aldeia inocente, e ninguém pode nos dizer como sair do círculo vicioso desespero-ódio-vingança.

O que pode nos trazer uma luz de esperança, é que os clichês e as imagens televisivas estilizadas de Bin Laden revelam um homem de narcisismo exacerbado. Seja quando ele posa com a sua kalachnikov, quando assiste a um casamento ou quando lê um texto sagrado, o menor de seus gestos complacentes trai uma consciência aguçada da câmera que é o próprio dos atores. Seu tamanho, sua beleza, sua graça, sua inteligência e seu magnetismo são qualidades formidáveis, com a condição de não ser o fugitivo mais procurado do planeta, já que elas se transformam nesse caso em problemas difíceis de ser dissimulados. Mas, na minha visão embotada, o que o domina, é a sua vaidade masculina quase irreprimível, seu gosto pela representação, sua paixão inconfessável pelas luzes da ribalta. Talvez esse traço de sua personalidade acabe se voltando contra ele mesmo, atraindo-o para um último ato teatral de autodestruição, produzido, realizado, escrito e estrelado até na morte pelo próprio Osama Bin Laden.

Na certa, conforme as regras estabelecidas da luta terrorista, essa guerra está perdida há muito tempo - por nós. Haverá alguma vitória que possa algum dia compensar as derrotas já sofridas, sem falar das que estão por vir? "O terror é sempre teatro", me disse, com toda tranqüilidade, um ativista palestino em 1982, em Beirute. Ele estava se referindo ao massacre dos atletas israelenses nos Jogos Olímpicos de Munique, mas ele poderia muito bem estar falando do World Trade Center e do Pentágono. Bakunin, o poeta do anarquismo, gostava de se referir à "propaganda do ato". Ninguém seria capaz de imaginar atos de propaganda mais espetaculares e contundentes. Hoje, Bakunin está morto e enterrado e, no mais profundo recanto de sua gruta, Bin Laden deve estar
esfregando as mãos ao nos ver nos envolvendo neste processo que suscita a mais alta alegria dos terroristas de sua espécie: com toda pressa, estamos reforçando nossos quadros de polícia e de informação, dando-lhes também cada vez mais poderes; estamos fazendo pouco caso dos direitos cívicos elementares e estamos restringindo a liberdade da imprensa; estamos impondo novos tabus jornalísticos e uma censura oculta; estamos espionando a nós mesmos e, nos piores extremos, estamos profanando as mesquitas e infernizando a vida de uns pobres concidadãos apenas porque a cor de sua pele nos assusta.

Todos esses temores que compartilhamos (será que vou ousar tomar o avião? Será que eu não deveria denunciar à polícia o casal esquisito que mora no andar de cima? Não seria melhor evitar passar de carro na frente dos ministérios de Whitehall, nesta manhã? Será que o meu filho voltou da escola são e salvo? Será que perdi de uma só vez as minhas economias de toda uma vida?) são precisamente os temores que os nossos agressores querem nos ver sentir.

Até o dia 11 de setembro, os Estados Unidos se davam por felizes por poder fustigar Vladimir Putin e seu açougue tchetcheno. A crítica que ele mais ouvia era a de que a violação pelos russos dos direitos humanos no norte do Cáucaso - e estamos falando aqui de tortura generalizada e de assassinatos na escala de um genocídio, ninguém contesta esse fato - representava um obstáculo para a normalização das relações de seu país com a Otan e com os Estados Unidos. Alguns observadores, entre os quais me incluo, chegaram a sugerir até mesmo que Putin se junte a Milosevic no tribunal de Haia - uma vez que os dois formam um par perfeito. Pois é, tudo isso acabou! A construção da grande e nova coalizão dará a Putin um cheiro de santidade, se comparado com alguns de seus colegas.

Quem se lembra hoje da tempestade de protestos que se levantou contra o que era visto como um colonialismo econômico dos países do G8? Ou contra a exploração do terceiro mundo por multinacionais incontroláveis? Praga, Seattle e Gênova foram os cenários de imagens constrangedoras de crânios estatelados, de vidro quebrado, de violência coletiva e de brutalidades
policiais, que chocaram muito o primeiro-ministro Tony Blair. Contudo, aquele era um debate legítimo, até o momento em que foi afogado por uma onda de patriotismo habilmente recuperada pela América das grandes empresas.

Atualmente, basta mencionar o Protocolo de Kyoto (que estipulava medidas de redução de emissão de gases na atmosfera, que o presidente Bush não quis assinar), para correr o risco de ser taxado de antiamericanismo. Como se tivéssemos ingressado num mundo orwelliano onde a nossa lealdade na qualidade de camaradas de luta se mede em função da nossa propensão em evocar o passado para explicar o presente. Sugerir que as recentes atrocidades se inscrevem dentro de um contexto histórico equivale implicitamente a desculpá-las. Quem está jogando em favor do time não pode fazer isso. Se o fizer, está jogando em favor do adversário.

Há dez anos, cansei todo mundo com o meu idealismo, contando a quem se dispusesse a me ouvir que estávamos perdendo uma oportunidade única de transformar o mundo, agora que a guerra fria havia sido deixada para trás. Onde estava o novo plano Marshall?, argumentava. Por que os rapazes e as garotas do American Peace Corps ou do Voluntary Service Overseas (organizações humanitárias) e seus homólogos europeus não estavam afluindo aos milhares na ex-União Soviética? Onde estava o chefe de Estado de estatura internacional, o homem providencial dotado da inspiração visionária suscetível de apontar para os verdadeiros inimigos da humanidade, por mais repulsivos que sejam: pobreza, fome, escravidão, tirania, drogas, conflitos étnicos, racismo, intolerância religiosa, cupidez? E eis que, de um dia para o outro, graças a Bin Laden e seus tenentes, todos os nossos dirigentes se tornaram chefes de Estado de estatura internacional, fazendo belos discursos de inspiração visionária dentro de distantes aeroportos que lhes servem de trampolins eleitorais.

O termo infeliz de "cruzada" tem sido pronunciado, e não apenas pelo "signor" Berlusconi. É evidente que falar em cruzada equivale a demonstrar um saboroso desconhecimento da história. Será que Berlusconi estava se propondo de verdade a libertar os lugares santos da cristandade e a rachar pelo meio os infiéis? E Bush com ele? E seria mesmo um despropósito de minha parte lembrar que nós as perdemos, as cruzadas? Mas não há de ser nada: a pequena frase do "signor" Berlusconi foi mal interpretada, e a referência presidencial torna-se caduca.

Enquanto isso, Tony Blair está desempenhando com afinco seu novo papel de valente porta-voz da América. Blair se expressa tanto melhor que Bush se expressa mal. Dentro de uma perspectiva externa aos seus países, nesse duo, é Blair que faz figura de dirigente experiente e inspirado, fortalecido, na sua própria casa, por um apoio popular inabalável, enquanto Bush - quem ousa ainda falar nisso, hoje? - foi eleito em condições mais que duvidosas. Mas, esse Blair é representativo do quê, ao certo? Blair, um dirigente experiente? Ambos beneficiam atualmente dos mais altos índices de aprovação nas pesquisas, mas, se eles aprenderam mesmo suas lições de história, ambos estão forçosamente conscientes de que um índice de popularidade elevado no primeiro dia de uma operação militar arriscada no exterior em nada garante uma vitória nas eleições.

A quantos cadáveres de GI's resistirá o apoio popular de George Bush? É verdade que depois do horror dos atentados em solo americano, o povo clama por vingança, mas ele atingirá rapidamente seu limite de tolerância ao ver o sangue derramado por outros compatriotas.

Na opinião do Ocidente inteiro (exceto algumas vozes discordantes na Grã-Bretanha), Tony Blair é o eloqüente cavalheiro branco da América, o leal e intrépido protetor dessa criança tão frágil nascida nas águas do Atlântico da "relação privilegiada". Saber se isso lhe valerá os favores do eleitorado são outros quinhentos, porque ele foi eleito para salvar o país do declínio e não de Osama Bin Laden. A Inglaterra que ele está levando para o combate é um monumento erigido para celebrar sessenta anos de incúria administrativa. Nossos sistemas de saúde, de educação e de transportes são exangues. É de bom tom, nos últimos tempos, dizer que eles são dignos daqueles do terceiro mundo, mas alguns países do terceiro mundo se saem muito melhor que a Grã-Bretanha. A Inglaterra governada por Blair está corroída pelo racismo institucionalizado, pela dominação do homem branco, por uma polícia desorganizada, por uma Justiça entupida, por uma riqueza privada indecente e por uma pobreza coletiva vergonhosa e perfeitamente evitável. Por ocasião de sua reeleição, marcada por um abstencionismo recorde, Blair reconheceu a existência desses males e se comprometeu humildemente a erradicá-los.

Então, quando você capta os vibrantes trêmulos de sua voz de guerreiro acidental e quando você se deixa conquistar pela sua retórica bem articulada, esteja também atento para a advertência subliminal que ele está lhe enviando: talvez a sua missão em relação à humanidade seja tão capital que você terá que esperar por mais um ano para sua operação urgente no hospital e muito mais ainda para ter direito a trens pontuais e seguros. Não tenho certeza de que seja com isso que ele vai vencer as legislativas dentro de três anos. Vendo e ouvindo Blair, não consigo deixar de pensar que ele está vivendo no meio de um sonho e que ele está andando sobre uma prancha que ele mesmo está ensaboando.

Utilizei a palavra "guerra". Estou me perguntando se Blair e Bush já viram pelo menos uma vez na vida uma criança estraçalhada por uma explosão ou um campo de refugiados sem defesa, atingido por uma bomba de fragmentação. Não é preciso ter sido testemunha desse tipo de horrores para ser um bom chefe dos exércitos, e estou torcendo para que nenhum dos dois tenha essa triste experiência. Mas em todo caso sinto medo toda vez que vejo o rosto de um político novato iluminado por uma aura guerreira e toda vez que ouço sua voz distinta me exortar ao combate.

E por favor, senhor Bush, eu lhe imploro, senhor Blair: deixem Deus fora de tudo isso. Imaginar que Deus se envolve em guerras equivale a Lhe imputar as piores loucuras dos homens. Pelo pouco que conhecemos dele, se é mesmo que conhecemos alguma coisa, o que prefiro não afirmar, Deus prefere as remessas de comida eficientes, as equipes médicas dedicadas, o conforto material e barracas sólidas para os desabrigados e os miseráveis. Deus prefere que nos arrependamos humildemente dos nossos pecados passados e que nos esforcemos a nos redimir. Ele prefere que sejamos menos cúpidos, menos arrogantes, menos prosélitos, menos imbuídos de desprezo em relação aos deserdados.

Não se trata de uma nova ordem mundial, ainda não, e não é a guerra de Deus. Antes, trata-se de uma operação de polícia atroz, necessária, degradante, visando a compensar a falência dos nossos serviços de informação e a cegueira política com a qual armamos e utilizamos os fundamentalistas islâmicos para que eles lutassem contra o invasor soviético, para abandoná-los em seguida, num país devastado e sem governo. Em conseqüência, cabe a nós, infelizmente, encurralar e punir um bando de fanáticos religiosos neomedievais que obterão dessa morte com a qual os ameaçamos uma dimensão mítica.

E uma vez que tudo terá acabado, nada terá acabado. A emoção suscitada pela eliminação de Bin Laden fortalecerá as fileiras de seus exércitos da sombra, em vez de rompê-los, assim como a retaguarda de simpatizantes silenciosos que lhes fornecem o apoio logístico. Como quem não quer nada, entre as linhas, estão querendo que acreditemos que o Ocidente se interessa, num sobressalto de consciência, ao problema dos pobres e dos desabrigados deste planeta. E talvez seja verdade que do medo, da fatalidade e da retórica nasceu uma moralidade política de um novo gênero. Mas, quando as armas se calarão para deixar lugar para uma paz aparente, será que os Estados Unidos e seus aliados permanecerão de prontidão ou, como aconteceu no final da guerra fria, será que eles vão pendurar as chuteiras e voltar a cultivar seus jardins? Jardins esses que nunca mais terão o aconchego do passado.

(Tradução: Jean-Yves de Neufville)





13/10/2001

A msg do Eduardo Etcheverry


Concordo contigo quanto aos sonhos desfeitos, e o noticiário tem sido atroz, fora alguns comentários e documentários inteligentes.

Nada como surfar pela rede (ailleurs), para dar-se conta do absurdo do que ouvimos na CNN, além dos sites do New York Times, Washington Post , etc. (controle total). Mas a Internet é uma grande e inegável ferramenta, e no meu entender, incontrolável.
Sempre achei um absurdo a desconsideração ocidental pelo Oriente, ou seja, "o outro" , a intolerância daí decorrente, e nunca entendi a única civilização, aquela que tenta se impor (a ferro e fogo).

E o Oriente, e o "outro", como é que fica? Tive muita, muita sorte mesmo, de apreciar a leitura (desde criança). E lembro-me, principalmente quando iniciei meus estudos de francês, que há uma certa tolerância e curiosidade "pelo outro" (seja ou não por razões diplomáticas, geopolíticas, ou o que que seja). O fato é que, através da França, comecei a entender, a gostar, e a apreciar o outro, e tive oportunidade (felizmente) de estudar um pouco de árabe com um amigo libanês, de excelente formação cultural. Infelizmente,já não mora mais no Brasil. E o problema é justamente este, quando não entendemos uma cultura totalmente diferente, que não aceitamos (por preconceito, por imposição cultura, pela lavagem cerebral constante), torna-se muito difícil o espírito de tolerância e aceitação.

Falando em Oriente, imperdível a leitura de "Orientalismo" de Edward Said, além de Byron, "The Road to Oxiana", (com um capítulo sobre o feganistão), além da excelente edição da "Bibliothèque de la Pléiade" de "Voyage à l`Orient" (Ibn Battuta, etc).

Outras coisas:

A especial qualidade estética das obras de arte do mundo árabe: a caligrafia (alguns livros do Hassan Massoudy, para esclarecer -- na sua maioria editados em francês), a arquitetura (lembrem de Hassan Fathy, e muito do que o mundo aprendeu ou tenta aprender sobre adaptação da arquitetura a uma determinada cultura, clima, etc, foi extraído do seu Livro "Architecture for the Poor"), a literatura (só para exemplificar algo nem "tão recente" : Nagib Mahfouz, um espetáculo).

E a India? E a China? Sua literatura, história, arquitetura, arte em geral? Um livro estupendo (ainda não traduzido no Brasil) para esclarecer muito sobre a arte chinesa, pintura, principalmente: "Vide et plein", de François Cheng. Há pouca, pouquissima coisa em português (lembro "O Zen na Arte da Pintura", de Helmut Brinker, Edit. Pensamento). Onde estão nossos editores? Por que o Ocidente se impôs? Alguém, por acaso, já ouviu falar de um certo pintor chinês chamado Chang Dai Chien (morou 17 no Brasil, em Mogi das Cruzes)? Consegui alguns livros e catálogos sobre sua obra, e posteriormente foi editado um livro de autoria de José Roberto Teixeira Leite: "A China no Brasil", da Unicamp, com um brevíssimo e esclarecedor texto chamado "Os Anos Brasileiros de Chang Dai Chien"). Onde estão nossos críticos de arte? Alguém está "rastreando" o período brasileiro de Chang? O que ele produziu no Brasil? Que influências a paisagem, a luz e a cultura tupiniquim tiveram em seu trabalho?

É de chorar, ou não?

E o pior, de forma crescente e avassaladora, temos que aturar uma produção cultural vinda do Ocidente (e a tupiniquim) de baixíssima qualidade, com raras e honrosas exceções.


Alguns links para "Chang Dai Chien":

http://www.chinatown-brazil.com.br/portugues/literature/chbr/index.htm
(texto integral do livro citado, Unicamp: parte 4, "Os anos brasileiros de Chang Dai Chien");

http://www.ville-pontoise.fr/actu/encre.htm
(sobre uma exposição no Musée de Pontoise)

http://www.sfsu.edu/~allarts/chang/chang.html
(com excelentes e elucidativas informações; a exposição foi em 1999, na Fine Arts Gallery/San Francisco State University. O catálogo da exposição é de primeira.)

http://perso.wanadoo.fr/hassan.massoudy/
(site do grande caligrafo Hassan Massoudy)

Ainda com relação à caligrafia árabe, o excelente título em português de autoria de Aida Ramezá Hanani (professora de cultura árabe da USP, e freqüentou um curso de caligrafia com Massoudy, em Paris): "A Caligrafia Árabe", da Martins Fontes, 1999. IMPERDÍVEL.

(Volta pro internETC)








07/10/2001

BARLOWFRIENDZ HEARTILY PARTIED AT GROUND ZERO


It's almost dawn. The risen Venus is so bright outside the window of this 767 that it could be a tracking UFO. Delta's JFK to Rome flight has just made European landfall near Nantes on the Bay of Biscay. I can't sleep, though I usually can on long flights. On the other hand, I don't seem to be able to sleep in beds very well either these strange days.

So I'll write a little note on our hedonistic endeavors down near Ground Zero three nights ago. It was a true hoot. I'm tempted to utter that most useless of sentiments, "You shouda been there." But I won't.

Instead, let me praise the intrepidness of the roughly 200 folks who did show up over the course of the evening. The surface tension on that area was thick, being only a few blocks north of the wasteland. I was astonished that so many of you punched through it. Game pups you are!

First, there was the matter of prying yourselves out of your holes. Manhattan is a manic depressive under normal circumstances, but after the initial collective adrenaline rush wore off, most of you went to the mattresses.

A lot of you in the New York Chapter have been hanging in, watching television and getting quietly house drunk. There has been such a generalized psychic low that, for two weeks, one could get a cab in Manhattan just by scratching his nose. Those who did venture out looked self-absorbed, listless, and clinically depressed. Surely knowing better, I feared that the famed resilience of my brave New York was not actually infinite.

Then there was the matter of crossing the barricades at Canal. My cab driver was convinced that he would not be permitted through until I finally convinced him that there was no harm in asking. (All it took was a stated destination, a reason to go there, and some picture ID.)

Finally, to get down to Duane Street, one had to willingly approach The Smell. After a couple of hot days and extensive excavation of the rubble, that great, sad smell has become so pungent that it's even sometimes hard to breathe at my place on Grand and Mott, three times further away from Ground Zero than the party was. Down there, it's overwhelming. (Though fortunately, the air in the Granite Room was so well filtered that we didn't have to suffer it during the party.)

The news media are unable to convey that odor, so they don't talk about it much, despite the fact that - aside from the mourning in New York, the hysteria everywhere else, and a local landscape alteration that feels in Manhattan like the sudden disappearance of the Tetons would in Jackson Hole - the smell is the most pervasive and emotionally penetrating reminder of the massacre. I won't be able to convey it either.

It is an even combination of the worst the chemical and the biological can punch your nose with. On the chemical side, one can detect formaldehyde gas that most plastics emit when burned, mercury vapor, asbestos dust, and probably a number of other inorganic molecules never before assembled. And the biological component is, well... the heated, twenty days-dead bio-mass of 6000 - give or take a thousand - of our fellow human beings.

(One of the most heart-breaking aspects of all this is the particular horror visited on the survivors who must accept the reality of their loss - hard to do even in the inarguable presence of a body - and must also deal with the fact that the city has no choice but to haul off the distributed remains of their loved ones with the rest of the rubble to a landfill on Staton Island.)

But enough of that. The point is that there were daunting obstacles, and yet so many of you overcame them and partied like The Damned. Indeed, the party did have a kind of early-30's-in-Berlin quality. One could almost see the dancing skeletons. And, as a new BarlowFriend who runs the Disaster Desk at CBS pointed out, there is a strange affiliation between catastrophe and carnality.

Perhaps it's not so strange. For every action, there is an equal and opposite reaction, as that reactionary Newton used to say. And, as an amateur Taoist, it seems fitting to me that if someone is going to inject a huge dose of hate, fear, and death into the world, all the good juices of life will squirt back in equal measure. If we let them. If we allow ourselves to notice.

There seemed to be a geyser of such vital psychic fluids in the Granite Room Wednesday. Those who turned up - and there were, as I say, a lot of you - seemed well lubricated by them. And a miscellaneous lot you were. Consider the range from Ornette Coleman to Jaron Lanier to Parker Posey to the bass player from the band Tool to my luminescent daughter Leah, all of whom were there (among many other names I could drop), and you get some sense of our diversity. But if the surface tension around the zone was chewy, there seemed little between the people there.

Despite the fact that most of the attendees didn't know anyone there but me and whomever they showed up with, despite their having little in common but my affection, they mixed it up like old friends, recognizing in one another the alertness and gregarious intelligence that earned them membership on this list in the first place. People kept coming up to me and telling me how much they dug the other people they were meeting. I can't tell you how happy this sort of thing makes me.

Rhoney Stanley, whom I last saw many years ago when she was still with acid-king Owsley and who, until recently, lived next to the World Trade Center in Battery Park City, wrote the following: "Thank you, thank you, thank you. Both for that message from Salmon Rusdie and the great party you hosted Wednesday to dance on the dust of our beautiful downtown scene, now gone, in some great measure, but dance we did, and kiss in public, and flirt, all of us of all ages." Yeah. It was like that. A moment in life well worth living, whether you were 19 or 79 (the actual limits on our demographic).

Around midnight, a lone fireman showed up in full disaster gear, looking nervous as a cat in a room full of rocking chairs. Eventually he came up to me and explained that he had about 10 brethren who would like to come in, but, noting the active presence of photographer Matt Peyton (some of whose photos can be found at http://www.outrageousmedia.com/barlowfest54), he was reluctant to bring them in.

"I don't want to see any of us on Page Six," he said, referring to the notorious gossip page of the New York Post.

"Listen," I said, "you bring in as many of your compadres as you like. I personally assure you that nothing is going to happen here that you don't want."

So, in they came. And danced, and kissed in public, and flirted. Indeed, one of them started to strip, but with all the gear he was wearing, I think it became too complicated an endeavor to execute in time with the music. I am certain there were some New York firemen who got laid that night. Seemed like the least we could do for them.

The moon was nearly full on Wednesday, full enough for Loup Garou to howl like the "white werewolves" they are. They honked. They clanked. They soared. They gave the accordion a better name. They sucked megavolts of energy from the dervishes arrayed before them, concentrated it into swamp music, and sprayed it right back on us, making a kind of breeder reactor that produces more energy than it puts in.

Also, I must say, the room was a banquet of beauty. It was such a feast for the eyes that one of the fireman performed a gape-mouthed scan and said to me, "I've died and gone to heaven." Funny, coming from him.

If you think the foregoing this sounds like advertising, you're right and wrong. Wrong, because advertising lies and this is (admittedly subjective) gospel. But you're right because I now feel encouraged to throw more of these.

Jimmy Mack (of Loup Garou), City Hall owner Henry Meer, and I are thinking we might turn it into a monthly event. Sort of like our contribution to the relief effort. But this won't work without you folks, for you are the fuel that burns so brightly in a good BarlowFrenzy.

You make me glad to be alive. You remind me that I am. If we start doing this more frequently, I'd love to see even more of you turn up, lending an even greater diversity of cultural DNA to the lovely and loving hybrid we make together.

In the very wee hours, I ventured back out into the toxic breeze to look for a cab. With me were John "The Bat" Badanes, a fellow psychedelic scout I knew in college but haven't seen in 30 years, and the exquisitely beautiful Melissa Brown, whom I met when she was still a student at Harvard Law School. Melissa was wearing a slinky cocktail dress and spike heels that could easily be used to stab a man's heart.

We thought we saw a cab headed down West Broadway and past the final barricade at Chambers Street. Figuring that what went down must come back up, we headed south toward the luridly-lit ruins of America's sense of invulnerability.

No one stopped us. They probably took us for an hallucination. Soon we were at Ground .01. I won't try to describe it. Like the odor it out-gasses, it defies conversion into information. Indeed, it is so unbelievable that one can be looking at it from close range and still not believe it. No mind has sufficient storage space to accommodate an apocalyptic nightmare of this weight class.

There were no cabs. And Melissa was hardly attired for a long trudge back to Canal Street. While we were standing there, trying both to breathe enough oxygen to maintain cognition and to figure out what we were going to do next, an arresting sight glided up to us. It was some new kind of NYPD emergency cruiser that appeared to be a cross between a dune buggy, a pickup truck, a golf cart, and something out of Blade Runner, sleek and futuristic.

In the front seat were a couple of hunky young specimens of New York's Finest. In the pickup bed sat four gorgeous young women dressed to raise the dead. They were equipped with a chrome cocktail shaker and a goodly supply of gin, vermouth, and plastic cups. They'd been handing out martinis to the destruction workers.

I looked at the cops, somewhat apprehensive about being inside their lines without authorization. Then I looked at the girls, all grins of perfect teeth and brazen lipstick. Then I looked back at the cops, both of whom shrugged that eloquent shrug that is NYPD body language for what ought to be their departmental motto: "Whaddaya gonna do..?" Exactly.

"I don't suppose you've seen a cab down here?"

"Not in about three weeks, no." They laughed.

"Well, could you give us a ride back up to where we might find one?" They did a quick analysis, which one of us passed, but which the other two did not. They grinned crookedly and shrugged that shrug again.

The one of them shouted. "Hey, there's a gypsy cab. Grab him." And sure enough, at the end of his pointing finger I saw a beat up Lincoln Town Car with a Pakistani driver. Allah only knows what *he* was doing there or how slipped through the checkpoints. (He didn't know enough English to tell me either.)

I realized with several different kinds of relief that the first Giuliani Era, during which they would have arrested the guy, was over. But then so are lot of other things, both good and bad. We are now in a dream-time where cops pass out martinis to the men who are loading their fallen comrades into dump trucks.

When the world goes mad, only the mad will be sane.

More soon. This feels like therapy. Thank you, Big Therapist.

Love,

Barlow




03/10/2001

Fighting the Forces of Invisibility


by Salman Rushdie


In January 2000 I wrote in a newspaper column that "the defining
struggle of the new age would be between Terrorism and Security," and
fretted that to live by the security experts' worst-case scenarios might be
to surrender too many of our liberties to the invisible shadow-warriors of
the secret world. Democracy requires visibility, I argued, and in the
struggle between security and freedom we must always err on the side of
freedom. On Tuesday, Sept. 11, however, the worst-case scenario came true.


They broke our city. I'm among the newest of New Yorkers, but even people
who have never set foot in Manhattan have felt its wounds deeply, because
New York is the beating heart of the visible world, tough-talking,
spirit-dazzling, Walt Whitman's "city of orgies, walks and joys," his "proud
and passionate city -- mettlesome, mad, extravagant city!" To this bright
capital of the visible, the forces of invisibility have dealt a dreadful
blow. No need to say how dreadful; we all saw it, are all changed by it. Now
we must ensure that the wound is not mortal, that the world of what is seen
triumphs over what is cloaked, what is perceptible only through the effects
of its awful deeds.


In making free societies safe -- safer -- from terrorism, our civil
liberties will inevitably be compromised. But in return for freedom's
partial erosion, we have a right to expect that our cities, water, planes
and children really will be better protected than they have been. The West's
response to the Sept. 11 attacks will be judged in large measure by whether
people begin to feel safe once again in their homes, their workplaces, their
daily lives. This is the confidence we have lost, and must regain.


Next: the question of the counterattack. Yes, we must send our
shadow-warriors against theirs, and hope that ours prevail. But this secret
war alone cannot bring victory. We will also need a public, political and
diplomatic offensive whose aim must be the early resolution of some of the
world's thorniest problems: above all the battle between Israel and the
Palestinian people for space, dignity, recognition and survival. Better
judgment will be required on all sides in future. No more Sudanese aspirin
factories to be bombed, please. And now that wise American heads appear to
have understood that it would be wrong to bomb the impoverished, oppressed
Afghan people in retaliation for their tyrannous masters' misdeeds, they
might apply that wisdom, retrospectively, to what was done to the
impoverished, oppressed people of Iraq. It's time to stop making enemies and
start making friends.


To say this is in no way to join in the savaging of America by sections of
the left that has been among the most unpleasant consequences of the
terrorists' attacks on the United States. "The problem with Americans is . .
. " -- "What America needs to understand . . . " There has been a lot of
sanctimonious moral relativism around lately, usually prefaced by such
phrases as these. A country which has just suffered the most devastating
terrorist attack in history, a country in a state of deep mourning and
horrible grief, is being told, heartlessly, that it is to blame for its own
citizens' deaths. ("Did we deserve this, sir?" a bewildered worker at
"ground zero" asked a visiting British journalist recently. I find the grave
courtesy of that "sir" quite astonishing.)


Let's be clear about why this bien-pensant anti-American onslaught is such
appalling rubbish. Terrorism is the murder of the innocent; this time, it
was mass murder. To excuse such an atrocity by blaming U.S. government
policies is to deny the basic idea of all morality: that individuals are
responsible for their actions. Furthermore, terrorism is not the pursuit of
legitimate complaints by illegitimate means. The terrorist wraps himself in
the world's grievances to cloak his true motives. Whatever the killers were
trying to achieve, it seems improbable that building a better world was part
of it.


The fundamentalist seeks to bring down a great deal more than buildings.
Such people are against, to offer just a brief list, freedom of speech, a
multi-party political system, universal adult suffrage, accountable
government, Jews, homosexuals, women's rights, pluralism, secularism, short
skirts, dancing, beardlessness, evolution theory, sex. These are tyrants,
not Muslims. (Islam is tough on suicides, who are doomed to repeat their
deaths through all eternity. However, there needs to be a thorough
examination, by Muslims everywhere, of why it is that the faith they love
breeds so many violent mutant strains. If the West needs to understand its
Unabombers and McVeighs, Islam needs to face up to its bin Ladens.) United
Nations Secretary General Kofi Annan has said that we should now define
ourselves not only by what we are for but by what we are against. I would
reverse that proposition, because in the present instance what we are
against is a no-brainer. Suicidist assassins ram wide-bodied aircraft into
the World Trade Center and Pentagon and kill thousands of people: um, I'm
against that. But what are we for? What will we risk our lives to defend?
Can we unanimously concur that all the items in the above list -- yes, even
the short skirts and dancing -- are worth dying for?


The fundamentalist believes that we believe in nothing. In his world-view,
he has his absolute certainties, while we are sunk in sybaritic indulgences.
To prove him wrong, we must first know that he is wrong. We must agree on
what matters: kissing in public places, bacon sandwiches, disagreement,
cutting-edge fashion, literature, generosity, water, a more equitable
distribution of the world's resources, movies, music, freedom of thought,
beauty, love. These will be our weapons. Not by making war but by the
unafraid way we choose to live shall we defeat them.

How to defeat terrorism? Don't be terrorized. Don't let fear rule your life.
Even if you are scared.

(2.10.2001, The New York Times)